Como explicado na postagem anterior, queremos juntos estar em casa com Deus e uns com os outros. Cada letra da palavra casa indica um valor importante para nós. Vamos começar, então, falando sobre comunidade.
Alemanha: Los geht’s
Em 2019, estudos da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informavam que a Alemanha é o segundo destino predileto para imigração no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Os números indicavam também que pelo menos um quarto da população residente no país é estrangeiro ou possui configuração familiar formada por alguém estrangeiro. De lá para cá, parece que as coisas não mudaram.1
As políticas de imigração continuam em alta rotação, ainda que às vezes não tenham tanto apreço popular. Em cidades grandes, para os padrões alemães, como Munique (1,5 milhões),2 por exemplo, frequentar os espaços públicos é também sujeitar-se a escutar habitualmente diferentes idiomas e se deparar com pessoas de todas as partes do mundo. O português, com suas vertentes europeias, sul-americanas e africanas, marca a sua presença. O espanhol, língua mater de quase meio bilhão de pessoas, evidentemente também se faz reconhecido.3
Comunidade ou Communitas?
Em um país marcado por tanta diversidade cultural é natural que as pessoas se associem com aquilo que se identificam mais. Restaurantes temáticos, centros culturais, casas de festas, grupos de apoio, grupos de amizade, etc. É grande o leque de núcleos que se formam a fim de fortalecer os laços e, de alguma forma, nutrir o senso de identidade e irmandade que fica ameaçado quando se está em uma terra que não é a sua. Um conceito que se destaca nesse contexto é COMUNIDADE.
Clique aqui para encontrar pelo menos dez definições de dicionário para o verbete COMUNIDADE.4 Nenhuma delas contempla, porém, a abordagem que Alan Hirsch faz ao assunto. No seu livro, Forgotten Ways: Reactivating Apostolic Movements,5 o autor sugere um tipo ideal de comunidade e a classifica como communitas. Essas communitas seriam comunidades que se formam não somente por questões de afinidade em comum, ou de herança cultural em comum, mas por necessidades, sofrimentos e limitações em comum. O imã para o crescimento e combustível para o avanço é exatamente o esforço coletivo para a superação de uma adversidade. Resumidamente, uma communitas é uma comunidade com uma missão.
A fim de materializar suas ideias, Hirsch cita pelo menos dois exemplos bem conhecidos da cultura popular. Nemo e seus companheiros de aquário, no filme Procurando Nemo; e a Sociedade do Anel, da famosa obra de J. R. R Tolkien, cuja adaptação para o cinema foi um estrondoso sucesso. Contudo, uma aplicação ainda mais prática é a própria igreja.
Comunidade como valor
Existe um verso conhecido da Bíblia que diz o seguinte. “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mateus 18.20). Essas palavras foram ditas pelo próprio Jesus. Muito mais do que alento para cultos e encontros religiosos vazios, ela apresenta duas verdades poderosas. A primeira é de que Deus promete estar presente na vida daqueles que o procuram. A segunda é de que a assim como quase tudo na vida, no quesitos fé, adoração, espiritualidade, é muito melhor estar acompanhado. É muito melhor estar em comunidade. Digo mais, é muito melhor estar em communitas.
Por isso, como Igreja Adventista de Língua Portuguesa e Espanhola, valorizamos o desenvolvimento de uma comunidade acolhedora, com relacionamentos saudáveis, guiados pelo conhecimento de Deus, do próximo e do contexto ao nosso redor.
Convidamos você a fazer parte dessa história.
Referências:
1. https://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt-br/migracao-e-integracao/estruturar-imigracao
2. https://de.statista.com/statistik/daten/studie/322498/umfrage/entwicklung-der-gesamtbevoelkerung-in-muenchen/
3. http://izabelahendrix.edu.br/noticias/conheca-as-10-linguas-mais-faladas-no-mundo
4. https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/comunidade/
5. https://www.amazon.de/Forgotten-Ways-Reactivating-Missional-Church/dp/1587431645